"A culpa é de Walt Disney. Se a Cinderela não tivesse aparecido no baile com o mais longo dos vestidos, talvez as mulheres não tivessem crescido com o sonho de ser a bela do baile"

16 abril 2008

Sri Lanka aposta na ética

Num ambiente internacional cada vez mais competitivo, o Sri Lanka quer diferenciar-se da concorrência através do reconhecimento internacional como produtor de vestuário que respeita a ética e as condições de trabalho.

O setor de vestuário no Sri Lanka deposita grandes expectativas na iniciativa “Vestuário sem Culpa”, com a esperança de que esta medida lhe confira uma vantagem competitiva na qualidade de produtor ético num mercado internacional super concorrido. Trata-se de uma aposta ousada, mas os responsáveis setoriais acreditam que irá ajudar a reforçar a lealdade dos compradores e responder às preocupações dos consumidores sobre as condições em que as suas roupas são fabricadas. Se a indústria de vestuário do Sri Lanka concretizar os seus objetivos, as roupas produzidas no país, e que são vendidas em lojas por todo o mundo, poderão em breve exibir etiquetas que declarem orgulhosamente tratar-se de uma peça de “Vestuário sem Culpa”. Esta é apenas uma das iniciativas planeadas pela Joint Apparel Association Forum (JAAF), organismo que representa todas as empresas têxteis e de vestuário do Sri Lanka, para a promoção da imagem do setor nos mercados internacionais. Este ano, o alvo da campanha promocional é o mercado europeu.

A associação conta com a SGS, empresa internacional de auditoria, para fornecer garantias aos compradores de que o vestuário proveniente do país foi produzido em condições éticas. Até ao momento, já foram certificadas 67 fábricas pela SGS ao abrigo do programa “Vestuário sem Culpa”, existindo diversas empresas em fila de espera para serem avaliadas. Em última instância, o objetivo é ter todas as fábricas do Sri Lanka certificadas, partindo do princípio que a verificação independente acrescenta credibilidade à campanha.

No âmbito do programa de vigilância, as fábricas são verificadas no sentido de assegurar que estão isentas de trabalho infantil ou forçado, que não promovem qualquer tipo de discriminação ou de más condições de trabalho. A listagem das fábricas certificadas é publicada pela SGS no seu portal na Internet, sendo realizadas revisões anuais.

«Nesta segunda fase da campanha, o nosso objetivo é envolvermo-nos com determinados públicos-alvo a nível mundial e aumentar a visibilidade», afirma Kumar Mirchandani, presidente da subcomissão de promoção de imagem da JAAF. «Queremos certificar-nos de que a mensagem é transmitida a todos os clientes. Em última análise, queremos que os consumidores digam: eu prefiro comprar um produto do Sri Lanka do que de outro lugar.»

Lançada em Agosto de 2006, a campanha “Vestuário sem Culpa” pretende mostrar aos clientes externos que o Sri Lanka não recorre ao trabalho infantil e oferece boas condições de trabalho aos seus trabalhadores. Os compradores são suscetíveis de se sentir mais confortáveis em colocar encomendas em empresas do Sri Lanka, e as marcas deverão ser beneficiadas pela crescente consciencialização do consumidor internacional sobre as condições em que as roupas são fabricadas.

A campanha incidiu inicialmente nos EUA, mercado que absorve cerca de 51% das exportações de vestuário do Sri Lanka, origem que é considerada como sendo de baixo risco no que se refere a práticas comerciais éticas. A UE é o segundo principal destino das exportações de vestuário do Sri Lanka, adquirindo 44% do total da produção do país. A campanha tem por objetivo fomentar o crescimento das exportações para estes mercados, face à crescente concorrência de países com custos mais baixos.

Mas Mirchandani tem o cuidado de salientar que a iniciativa «não é apenas algo que foi criado para a ocasião», referindo que o país sempre privilegiou as condições de trabalho e que a legislação em vigor já o coloca à frente de outros países em desenvolvimento. É precisamente o reconhecimento desta conduta que tem servido o Sri Lanka na obtenção de concessões comerciais.
Fonte: Portugal Têxtil

Comments on "Sri Lanka aposta na ética"

 

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